segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para onde vai o lixo eletrônico do planeta?

Tente adivinhar: quantos quilos de matéria-prima são usados para a fabricação de um computador? Antes de dar o seu palpite, leve em conta essa dica: "pense grande". Os números são astronômicos.
De acordo com um estudo divulgado pela Universidade das Nações Unidas, para a montagem de um desktop de 17 polegadas são usados cerca de 1.800 quilos de componentes. Somente de combustíveis fósseis são gastos 240 quilos, 22 quilos de produtos químicos e 1.500 quilos de água.
Mas não é só na composição e fabricação das máquinas que os números assustam.
Com o barateamento do PC e o crescimento das vendas desses equipamentos, a quantidade de lixo eletrônico no mundo (conhecido como e-waste) já chegou a casa de 50 milhões de toneladas, representando 5% de todo o lixo produzido pela humanidade.

Reciclagem de lixo eletrônico na USP aproveita até último parafuso de PCs antigos

Se você está familiarizado com o conceito de reciclagem, já sabe que a coleta seletiva do lixo deve ser feita em latas com cores diferentes: verde (vidro), amarelo (metal), vermelho (plástico) e azul (papel). Apenas quatro divisões, no entanto, estão longe – muito longe -- de atender às necessidades da reciclagem de eletrônicos. Foi isso o que descobriram profissionais da Universidade de São Paulo (USP), após iniciar em dezembro de 2009 um projeto de coleta de lixo tecnológico. A iniciativa, ainda restrita à USP, está prevista para ser aberta ao público em 1º de abril.

No chamado Cedir (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática), que conta com cinco funcionários e teve investimento inicial de R$ 250 mil, três técnicos trabalham para desmontar toneladas de equipamentos. Essas peças -- que vão desde cobiçadas placas com fios de ouro até parafusos -- serão utilizadas em computadores remanufaturados ou vendidas para empresas de reciclagem de materiais específicos.

Brasil é o campeão do lixo eletrônico entre emergentes

O Brasil é o mercado emergente que gera o maior volume de lixo eletrônico per capita a cada ano. O alerta é da ONU, que nesta segunda-feira, 22, lançou seu primeiro relatório sobre o tema e advertiu que o Brasil não tem nem estratégia para lidar com o fenômeno, e o tema sequer é prioridade para a indústria.
O estudo foi realizado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), diante da constatação de que o crescimento dos países emergentes de fato gerou maior consumo doméstico, com uma classe média cada vez mais forte e estabilidade econômica para garantir empréstimos para a compra de eletroeletrônicos. Mas, junto com isso, veio a geração sem precedente de lixo.